CIRCUITO MUSICCAL
O mercado do disco de vinil aquece na pandemia
O tamanho dos discos de vinil nos
possibilita ver melhor os detalhes das suas capas e dos lindos encartes
Por Manoel Goes
Neto
Ainda me lembro nitidamente do
primeiro disco que ganhei na minha vida, um LP (disco de vinil) do Tim Maia,
que estava explodido na época com música “Primavera”, “Azul da Cor do Mar”,
“Réu Confesso”, dentre outras. Afinal estávamos em 1974, e nesta época quem
quisesse comprar discos tinha que ir até o Centro de Vitória, nas Lojas Jairo
Maia Discos, depois dividindo mercado com o Golias Discos, que está ativo até
hoje, não mais no endereço original, mas ainda no Centro da Cidade.
Passados todos esses anos, continuam
fazendo sucesso país afora as feiras de discos de vinil, demonstrando que não
temos que comemorar o retorno do disco de vinil, muito pelo contrário, temos
que comemorar a permanência daquele que nunca se foi. Ainda contamos
com a produção de discos de vinil de artistas consagrados e revelações, como
também os toca discos com moderna tecnologia, mas mantendo a tradição da agulha
e som peculiar que só o vinil produz.
Apesar das plataformas digitais que
popularizaram, a maneira de se consumir e ouvir música, pesquisas realizadas no
ano passado, indicam que o bom e velho LP vem ganhando mais adeptos e força no
mercado. Por exemplo, nos Estados Unidos, segundo a “Billboard”, os discos de
vinil responderam por mais de 27% das vendas dos álbuns em formatos físicos.
Também na Inglaterra os números são animadores, com crescimento beirando aos
5%.
O mercado brasileiro, apesar de não
termos números oficiais, percebemos também o aquecimento das vendas dos LPs. O
produtor Pena Schmidt acredita que a alta nas vendas do vinil
é perfeitamente natural: “Essa tendência já existe há muito tempo. A
retomada do consumo de vinil como mídia para música já acontece a pelo menos
vinte anos, em um crescimento constante. Logo veremos lojas novas de vinil por
aí, isso já está acontecendo”. Pena Schimdt lembra que o mercado do vinil
não é movido apenas por lançamentos. Há um enorme comércio promovido por sites,
feiras virtuais e vendas físicas de LPs usados e raros. Aqui em Vitória temos o
Golias Discos, exemplo desse sucesso.
Nos primeiros meses da pandemia do
novo coronavirus, no ano passado, houve uma retração normal e geral em todos os
bens de consumo, mas, felizmente, a partir de maio as vendas começaram a
crescer, devido principalmente aos novos hábitos impostos pelo distanciamento
social, onde as pessoas começaram a ouvir mais música, ler mais e promover
lazer e diversão “in door”. Está aquecido o mercado do LP.
Quem como eu é adepto de ouvir o som
dos discos de vinil, sabe como é prazeroso este momento, som cheio e completo,
com seus graves batendo, mesmo acompanhado do velho e bom chiado, que se perdeu
com a chegada de outras mídias de áudio. O tamanho dos discos de vinil nos
possibilita ver melhor os detalhes das suas capas e dos lindos encartes, que na
maioria das vezes são verdadeiras obras de artes, e dizem muito sobre o
artista, grupo ou álbum. Vida longa ao vinil.
Manoel Goes Neto é Escritor e Subsecretário Municipal de Cultura de Vila Velha - ES
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